Houve um craque do passado que pendurou as chuteiras aos 44 anos de idade. Seu nome: Artur Friedenreich, conhecido como El Tigre. Ele nasceu no bairro da Luz, São Paulo, no dia 18 de julho de 1892. Começou no Germânia aos 14 anos de idade. Depois passou pelo Ipiranga e quando chegou ao Paulistano já era um craque consagrado. Seu estilo de jogo era completamente desconcertante, insinuando-se por entre a defesa contrária, como uma enguia, driblando mais com o corpo do que com os pés. Dificilmente marcava um gol com chute forte, preferindo colocar a bola longe do alcance do goleiro. Foi um dos maiores artilheiros de todos os tempos. Melhor que ele, só Pelé. Disputou 2329 jogos e marcou 1239 gols, em 26 anos de uma brilhante carreira.
El Tigre até as últimas conseqüências. O titulo estava imortalizado num pergaminho que lhe fora presenteado após um emocionante Brasil x Uruguai que só se definiu na segunda prorrogação – 150 minutos de decisão - com um gol seu. O pergaminho estava assinado por todos os adversários :
“Nós, componentes da Seleção Uruguaia, conferimos ao senhor Artur Fridenreich o titulo de El Tigre, por ter sido o mais perfeito center-forward do Campeonato Sul-Americano. 29 de maio de 1919”.
Dois anos depois, El Tigre impressionava Buenos Ayres, com seu porte esguio, ligeiramente desconcertante. Tinha medidas excêntricas – 1,75 m e 52 kg. – mas exibia um prodigioso talento de atacante. Pois naquela tarde de agosto de 1921, o Paulistano, melhor equipe brasileira da época, enfrentava a Seleção Argentina. É bem verdade que uma viagem de vários dias de trem e vapor exauria os jogadores, e os minutos finais pareciam encaminhar-se para um diplomático 0x0. A chuva fina cessara. Postado na intermediária adversária, El Tigre observou o meia Silvio Lagreca carregando a bola. Avançou por trás do seu marcador e, próximo à entrada da área, recebeu um passe medido de Lagreca. Com um simples toque de seu mágico pé esquerdo, deslocou o goleiro argentino. Era o gol da vitória sobre nossos rivais vizinhos. A vitória do Paulistano sobre a orgulhosa Seleção Argentina.
Em 1932, na curva descendente de uma fantástica carreira de 26 anos, lutou na Revolução Constitucionalista. Saiu como sargento e voltou como tenente. Foi um herói. No dia 12 de março de 1933, na Vila Belmiro, Friedenreich, como sempre com o pé esquerdo, assinalou 1x0 para o São Paulo contra o Santos inaugurando o profissionalismo no Brasil.
El Tigre deixou uma coleção de façanhas só superadas muitas décadas depois. Campeão paulista sete vezes. Campeão brasileiro mais quatro vezes. Campeão sul-americano duas vezes e artilheiro do campeonato paulista nove vezes. 1329 partidas jogadas. 1239 gols assinalados por um mulato cuja genialidade transformou um esporte de brancos numa paixão de todos os brasileiros.
Revista placar
Produzido Carlos Madeiro
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Gazeta Esportiva de 1962
Que História Foda, parabéns pelo Blog e pela Postagem muito Boa.
ResponderExcluirhttp://moscandonaweb.blogspot.com/
Não tenho a menor dúvida que foi melhor do que Pelé ... esse é lenda.
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